O Mito da Caverna



De: Gabriel Felipe - 14 anos

     Um mito criado para denunciar uma morte injusta se torna uma obra prima da filosofia. Veja o que pode ser considerado real, o que é a verdade, como ela se esconde e como a ignorância do homem o fecha para o mundo.


Mito da Caverna imagem explicativa
(Fonte da imagem: mestresteologiaedebates)



     Platão foi um grande filósofo da Antiga Grécia, onde é conhecido mundialmente até hoje por seus pensamentos. Inclusive algo que chama muito atenção a respeito de Platão é o Mito da Caverna, ou mesmo podendo ser chamado de “alegoria da caverna”, onde Platão narra uma história que demonstra indiretamente o que se denomina de realidade e a ignorância do homem.
gravura de Platão filósofo
(Fonte da imagem: afilosofia)
     É bom entender que Platão fez essa narrativa por um contesto pessoal, onde pretendia denunciar de forma subjetiva a injustiça pela morte de Sócrates, que por sua vez havia “corrompido a juventude” com a filosofia, dando aos jovens da época novas visões da vida. Isso fez com que o governo democrático da época levasse Sócrates ao tribunal, logo a maioria o considerou culpado, assim Sócrates acabou sendo condenado.
     Platão se indignou pelas circunstâncias que levaram a morte de Sócrates, assim criou o mito da caverna onde denunciava de uma forma indireta as consequências de tentar mudar o que é comum na sociedade, em outras palavras, as consequências de mostrar a realidade. Veja logo abaixo o mito da caverna adaptado pela famosa filósofa Marilena Chauí.


     “Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros (no exterior, portanto) há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
     Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
     Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
     Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo”.

(Marilena Chauí, convite à filosofia, Ed. Ática).
  

Interpretando

     As pessoas que estavam presas na caverna conheciam uma falsa realidade, elas estavam presas a aquilo, achavam que aquilo era o comum. Porém mesmo que um dos prisioneiros descubra o verdadeiro mundo, mudar o olhar da realidade das outras pessoas é praticamente impossível.
     Se alguém falasse para nós, por exemplo, que tudo isso que estamos vivendo é uma mentira, que estamos sendo manipulados por um ser extraterrestre que quer fazer experiências com nós, humanos, acharemos um absurdo, chamaríamos de louco quem afirmasse isso. Pois não é muito diferente do exemplo de Platão, o homem que descobriu a realidade queria mostrá-la para os outros, queria compartilhar esse conhecimento, porém foi chamado de louco, ridicularizado e por fim, morto.
     O ser humano é orgulhoso suficiente para admitir sua própria ignorância, porém quando a reconhece se surpreende com sua falta de conhecimento, com o que julgava entender.
     O homem que se libertou na caverna, pode ser considerado o filósofo, alguém muito curioso que por tentar ajudar os outros a enxergar a verdadeira realidade acaba morto. No caso o filósofo é claramente Sócrates. A caverna é nada mais nada menos o que denominamos “vida real”, o nosso mundo, o mundo em que devemos nos soltar e procurar por inovar, sair do senso comum e integrar no senso crítico, assim podendo reconhecer a verdadeira realidade e “sair de nossa caverna”.
     Basicamente podem ser criadas duas realidades distintas, a do mundo sensível e a do mundo inteligível.

Mundo sensível: formado por aquilo que você vê, aquilo que é físico, o que pode ser mudado.

Mundo inteligível: é um mundo abstrato que se encontra através de ideias. Platão acreditava que o mundo inteligível é o verdadeiro mundo, o mais importante.


Somos prisioneiros?
 
(Fonte da imagem: weheartit)

     Será que o mito da caverna não pode ser comparado com nosso cotidiano atual? Será que não estamos limitando-nos a certas coisas? Será que somos humildes o suficiente para compreender quando estamos cegos? As respostas para essas perguntas varia de acordo com o nível de ignorância de cada um. Veja a história em quadrinhos criada por Mauricio de Sousa, onde ele faz essa comparação entre o mito da caverna, de Platão, com os dias atuais do ser humano:


hq história em quadrinhos turma da monica mito da caverna mauricio de sousa
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Para ler a história completa acesse  http://www.monica.com.br/comics/piteco/welcome.htm

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