De: Gabriel Felipe – 15 anos
(Fonte da imagem: alexandrehistoria) |
Uma Civilização Fluvial: A Importância do Nilo
Há muitos anos antes da vinda de Cristo, parte da África (principalmente o atual deserto do Saara), recebeu abundantes chuvas. Quando essas enormes chuvas foram se acalmando, as águas formaram um fluxo que foi se expandindo cada vez mais, até formar um dos maiores e mais conhecidos rios do mundo: o rio Nilo. A nascente do rio Nilo se encontra no Lago Vitória, que se situa próximo à região central da África. O rio percorre aproximadamente 6.650 km até desaguar no mar mediterrâneo, onde forma o chamado Delta (que é característica dos rios lentos).
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Ainda na pré-história, por volta de 5.000 a.C., pequenas aldeias se estabeleceram ao redor do Nilo, pois além da água que tinham para consumo, observaram que as terras ao redor do rio eram muito férteis, o que possibilitaria o plantio. Porém essas aldeias acabaram por descobrir na prática que viver as margens do Nilo não seria algo tão fácil, pois apesar da fertilidade das terras, nas épocas de chuva o rio transbordava e alagava tudo a sua volta, podendo causar terríveis destruições. Porém observaram que quando o período de cheia terminava e o rio voltava ao normal, a área que ele havia alagado ficava em condições ideais para o plantio, pois quando o rio inundava aquele lugar, levava consigo sedimentos, mas após retornar esses sedimentos permaneciam ali (era uma espécie de esterco, denominado húmus).
Os benefícios que o rio trazia fez com que inúmeras aldeias se fixassem ao seu redor, sendo assim, o rio foi um fator essencial para o desenvolvimento das civilizações do período Paleolítico. Os que ali viviam começaram a desenvolver novas técnicas para aproveitar o rio sem serem prejudicados. Com a construção de canais de irrigação, conseguiram aproveitar as cheias do Nilo sem que houvesse inundações.
O sistema que utilizavam para irrigação era simples e criativo, observe nas imagens:
Na primeira imagem, o rio Nilo está em condições normais, fora do período da cheia, nota-se que cavaram uma espécie de degrau com o solo. Quando o período de cheia chegava, as águas do rio não atingiam as casas e nem nada que ali estivesse, porém como necessitavam de plantar alimentos, foi criado um objeto chamado de Shaduf.
Shaduf era um mecanismo que retirava a água do Nilo sendo usado tanto para coleta da água para o consumo quanto para ser colocada naquela área em forma de “pequenos rios” logo dando os nutrientes necessários para as áreas de plantio. Assim tinham os alimentos para consumo durante as cheias, e quanto o rio voltava ao normal, aquela pequena área entre e o rio e as moradias se toravam mais férteis, devido a uma espécie de esterco que o rio deixava sobre a terra chamado húmus.
Nas cheias do Nilo, usavam a parte superior para o plantio, e quando esse período terminava, usavam a área de baixo, criando um ciclo de plantio. Veja abaixo o mesmo esquema de outro ângulo:
(Fonte da imagem: youtube) |
Formação do Alto e do Baixo Egito
O número de aldeias que se fixavam ao redor do rio Nilo crescia, e essas pequenas aldeias começaram a disputar terras. Então, com a predominância de algumas aldeias (vencendo essas batalhas), começaram a surgir aldeias cada vez maiores e essas uniões foram chamadas de Nomos. Esses Nomos eram governados por alguém superior, onde cada Nomo possuía um Nomarca, que tinha a função de manter a ordem e segurança, sendo considerados como chefes e futuramente reis.
Além dos ataques e domínios que cada Nomo executava, também havia alianças com outros Nomos, por fim, restaram somente duas grandes uniões, que ficaram conhecidas como o Alto e o Baixo Egito. Uma espécie de “estado” (como conhecemos hoje), com várias “cidades” (Nomos). É importante destacar que, apesar dessa união de Nomos, cada Nomo do alto e do baixo Egito tinha sua própria cultura, suas próprias crenças etc.
O alto e o baixo Egito eram governados por reis. Por volta do ano 3.100 a.C. o rei Menés do alto Egito unificou os dois reinos, sendo assim o fundador da primeira dinastia no Egito Antigo, se tornando o primeiro faraó.
Obs.: O Baixo Egito se localiza próximo ao Delta, e o Alto Egito mais ao centro da África. Isso se deve a altitude de ambos, tal que o revelo do Alto Egito é mais alto que o do Baixo.
Sociedade Egípcia
Antes de tudo vamos entender como era distribuída a organização social no Egito. Observe a pirâmide:
No Egito a hierarquia era bem clara. Geralmente se seguia a classe social dos pais, ou seja, se seu pai e sua mãe foram mercadores, você seria um mercador, se seus pais foram camponeses, você seria um camponês e por aí vai.
Faraó:
(Fonte da imagem: itoke) |
Os faraós gostavam de demonstrar seus poderes, sendo assim, além do valor religioso que as pirâmides e esfinges possuíam, era uma grande questão estética, pois (no caso das pirâmides) seria onde o corpo mumificado do faraó iria ficar juntamente com todos seus pertences e comida, já que acreditavam na vida após a morte e queriam agradar os deuses que encontrariam.
O governo do Egito era teocrático, pois havia uma total influencia da religião no governo onde se utilizava a desculpa de que o faraó era a encarnação de um Deus, assim fazendo com que o poder ficasse em suas mãos por direito.
Nobres
Os nobres eram a família do faraó ou mesmo alguns sacerdotes ligados diretamente. A família do faraó possuía muitas riquezas, assim como o próprio.
Sacerdotes
Os sacerdotes eram considerados um dos mais importantes na sociedade. Eram eles que faziam oferendas aos deuses, comandavam os templos e curavam muitas pessoas. Possuíam um grande poder em suas mãos. Alguns sacerdotes eram também considerados como deuses, porém inferiores ao faraó.
(Fonte da imagem: egitonifertiti) |
Escribas
Abaixo dos sacerdotes se encontravam os escribas. Sua função? Escrever, claro. Pode parecer bobagem, porém no antigo Egito eram poucos os que aprendiam ler e escrever (uma das causas desse fator é que a língua egípcia era muito complexa e impopular). O s escribas ajudavam e registravam os impostos, além de escreverem sobre o cotidiano do povo e principalmente do faraó. Os egípcios utilizavam a escrita chamada hieróglifos, que eram símbolos que representavam sons.
Soldados
(Fonte da imagem: antigoegito) |
Mercadores e Artesões
Entre os artesões pode se dizer que eram divididos em dois grupos, os mais qualificados e os menos qualificados. Os mais qualificados muitas vezes eram chamados pelo faraó para confeccionar peças de luxo tanto para ele mesmo quanto para a nobreza. Já os menos qualificados trabalhavam em oficinas urbanas ou rurais, confeccionando peças de roupas simples, vasilhas etc. Os mercadores por sua vez, tinham claramente a função do comércio, da venda.
Camponeses
Os camponeses trabalhavam nas lavouras. Cultivavam principalmente o linho, trigo e cevada, além de frutas e legumes. Eram obrigados a dar parte de sua colheita ao faraó, o suposto “dono das terras”.
(Fonte da imagem: cpantiguidade) |
Escravos
Ficam na base da pirâmide da sociedade egípcia em menor número relacionado à sociedade. Os escravos eram capturados em guerras, porém a escravidão de lá não era exatamente igual à forma de escravidão na Grécia ou na Roma Antiga, por exemplo. Os escravos trabalhavam em diversos lugares: em casas, como mão de obra, e por aí vai, porém não ficavam exatamente presos, tanto que podiam se casar, ter propriedades... Enfim, praticamente viviam livres, só não podiam deixar o Egito.
Alguns Faraós e Seus Governos
Como já foi dito, os faraós possuíam um papel de extrema importância para a ordem na sociedade. Várias dinastias permaneceram grande tempo no trono, assim se percebe que tiveram vários faraós durante todo o período do Egito Antigo, foram mais de cem. Alguns faraós ficaram conhecidos pelo seu ótimo governo, conseguindo arrecadar mais e mais riquezas, já outros ficaram conhecidos por serem considerados exceções dentre os outros governos faraônicos.
Veja abaixo brevemente alguns dos faraós que foram considerados importantes ou mesmo diferentes para o Egito.
(Fonte da imagem: filhosdonilo) |
Menés: Também conhecido por Narmer, foi o fundador da primeira dinastia ao unificar o Alto e o Baixo Egito, usando a coroa branca (Alto Egito) juntamente com a vermelha (Baixo Egito), representando a união entre ambos. Ordenou a construção de barragens no rio Nilo e também ficou conhecido por fundar a cidade de Mênfis. Menés se manteve no reinado por aproximadamente 30 anos até ser morto por um hipopótamo.
Nynetjer: Presente na segunda dinastia egípcia, Nynetjer governou aproximadamente durante 40 anos. Ficou muito conhecido por permitir que as mulheres recebessem o direito de exercer poder real.
Khufu: Também conhecido como Quéops, foi um grande faraó que pertenceu à quarta dinastia do Egito. Foi muito lembrado como um faraó cruel. Foi o responsável pela construção da maior das três pirâmides de Gizé.
Akhenaton (Amenófis): Um faraó que pertenceu à décima oitava dinastia, foi um dos faraós mais polêmico. Tentou implantar o monoteísmo (adoração a um só Deus) no Egito, assim tirando praticamente todo o poder dos sacerdotes. Quando morreu, seu filho Tutankhamon reestabeleceu o politeísmo.
(Fonte da imagem: auladehistoria) |
Tutankhamon: Filho de Amenófis que assumiu o titulo de faraó com nove anos de idade após a morte do pai. Esse faraó foi o responsável por trazer de volta o politeísmo. Morreu jovem, com somente dezoito anos de idade.
Hatshepsut: Primeiro faraó mulher do Egito, Hatshepsut pertenceu à décima oitava dinastia. Havia se casado com seu irmão, Tutmés II com quem também teve um filho, porém após a morte do marido-faraó, Hatshepsut assumiu o trono, pois o filho deles ainda era muito jovem para governar. Seu governo foi próspero o qual perdurou por vinte e dois anos.
(Fonte da imagem: nerdice) |
Mumificação e a Crença Após a Morte
Sendo muito religiosos os egípcios acreditavam que quando alguém morria, a alma retornaria para o corpo do morto após um tempo e por esse motivo o corpo deveria estar em ótimo estado de conservação. Com a avançada tecnologia medicinal dos egípcios, conseguiam ótimos resultados com as técnicas de embalsamento e mumificação, assim preservando bem o corpo do morto que futuramente voltaria a usá-lo.
(Fonte da imagem: saema0013) |
Retiravam o cérebro do morto pelas narinas com muito cuidado para não danificar muito o rosto, e depois jogavam o cérebro fora. Retiravam também todos os outros órgãos do corpo (com exceção do coração, que permanecia no mesmo lugar), porém, diferentemente do cérebro, os demais órgãos retirados eram conservados em jarras ou vasilhas à parte. Depois disso desidratavam o corpo com uma espécie de sal e em seguida passavam um tipo de óleo para deixar a pele “elástica”. Por fim, passavam algumas substâncias no corpo e o enfaixava. Apesar do tempo que era necessário para ser feito todo esse processo, os corpos mumificados permaneciam em ótimo estado por séculos.
Como foi dito, deixavam o coração no corpo do morto, isso por que segundo suas crenças os deuses pesariam seu coração em uma balança juntamente com o contrapeso de uma pena, e só conseguiriam a permissão para voltar ao corpo se o coração fosse mais leve que a pena (metáfora para dizer “se ele foi um homem bom”) , caso contrário seria devorado por jacarés famintos (ou por um deus com a cabeça de jacaré).
Além das técnicas de mumificação, os egípcios criavam enormes pirâmides que seriam os túmulos dos corpos. Entretanto, eram somente os faraós e alguns nobres e sacerdotes que tinham esse privilégio, onde além do corpo também seria colocados todos os pertences do morto, onde muitos seriam oferecidos aos deuses. O restante da população que não tinham direito de uma boa mumificação, embalsamento e nem mesmo uma pirâmide, eram enterrados nas areias do deserto do Saara, que devido ao grande calor acabavam recebendo um embalsamento natural.
(Fonte da imagem: geocities) |
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